
Tinham uma relação muito boa e a menina gostava mesmo da Andreza. Tanto que sempre que regressava a casa pedia ao seu pai que se casasse com Andreza porque achava que esta também gostava muito dela. Se o seu pai pedisse Andreza em casamento elas nunca se separariam.
Um dia o pai cedeu ao pedido da filha e casou-se com a Andreza. Mesmo vivendo juntas mantinham uma boa relação. Até que um dia em que a menina ficou a guardar as folhas de uma figueira (usadas para curas na medicina tradicional) para que ficassem secas veio um pássaro e levou as folhas. Quando Andreza voltou a rapariga explicou-lhe o sucedido. Furiosa, esta ralhou com ela e foi enterrá-la viva.

Sempre que o cavalo do seu pai ia pastar ia comendo a erva mesmo em cima dela. Como ainda estava viva a menina começava a cantar:
Cavalinho di nha mame, Cavalinho da minha mãe
Cavalinho de nha pape, Cavalinho do meu pai
Ca bu cumé nha cabelo. Não comas o meu cabelo
Andreza n´teram bibo Andreza enterrou-me viva
Pabia di um fidjo di figuera Por causa do ramo de uma figueira
Cavalinho já levou, levou. Cavalinho já levou, levou.

As crianças que por lá passavam ouviam uma voz a cantar e iam correndo dizer ao dono do cavalo mas este não ligava ao que diziam. Um dia, um senhor que por lá passou ouviu a voz e disse ao pai da menina. Só então este acreditou na história e foi desenterrar a filha, levando-a depois para casa para casa. O pai fez uma grande festa por ter a filha de volta mas avisou-a a que nunca o desafiasse. Sempre que um pai diz não a uma filha é para esta obedecer porque ele sabe o que diz e o que quer.

Esta história foi-nos contada pelo Junilto Netchemo. Chegado há menos de um ano da Guiné mantém uma memória viva das histórias contadas por um dos seus irmãos mais velhos.
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