Havia uma menina que tinha um namorado que era um peixe. Sempre que saía da escola ia a correr para o mar ter com o seu namorado e levava-lhe farinha de arroz para ele comer.
Assim que chegava ao rio começava a cantar e o peixe aparecia.
Peixinho, Peixinho
Na roda do mar
Na praia de Banbadinca
Ai Peixinho a namorar.
A menina ficava na praia horas e horas a namorar com o seu peixinho e voltava tarde para casa. A sua mãe começou a reparar que ela chegava sempre muito tarde e disse ao seu irmão para ir atrás dela no dia seguinte quando saissem da escola.
Quando saiu das aulas, a menina foi cantando muito alegre em direcção à praia sem perceber que o seu irmão a seguia. Chegou a praia e cantou fortemente até o seu peixinho aparecer.
O irmão que estava escondido, observou tudo e foi contar à mãe o que é que afinal a sua irmã andava a fazer quando saía da escola.
– Então a minha filha namora com um peixe? - perguntou a mãe muito furiosa ao descobrir a verdade.
Nervosa, saiu de casa e foi à praia para ver o peixe. Os vizinhos seguiram-na e, assim que chegaram, a mãe começou a cantar.
O peixinho, ao ouvir a música, saiu imediatamente da água pensando que se tratava da sua namorada.
A mãe da menina ao ver que era verdade o que o filho lhe tinha dito, zangada, aproximou-se do peixe e matou-o.
Levou o peixe para casa e cozinhou-o. Antes, porém, disse ao filho:
-Filho, não digas nada a tua irmã senão ela nunca mais fala comigo.
O filho concordou em não dizer nada à sua mana.
No dia seguinte, quando saiu da escola, a menina foi novamente ter com o seu peixe namorado. Chegou à praia e começou a cantar mas o peixe não apareceu.
A menina insistia em cantar mas o peixe também não saia da água. Ela nem imaginava o que tinha acontecido. Triste, a menina voltou para casa sem perceber o que se passara.
No dia seguinte, mal chegou da escola, o galo cantou:
-Có có ró có! Se me deres um pouco da tua comida digo-te o que é que aconteceu.
A menina pensou que o galo apenas queria a comida e foi-se embora. Mais tarde o cão ladrou e disse-lhe o mesmo:
-Conto-te o que a tua mãe fez se me deres um bocado da tua comida.
Então a menina ficou a pensar porque razão o galo e o cão lhe pediam comida em troca de revelar o que a sua mãe teria feito. Curiosa, decidiu dar um pouco da sua comida ao cão e este disse-lhe:
– Sabias que a tua mãe matou o teu namorado peixe e tu estás a comê-lo?
– Não é verdade - disse a menina com um olhar triste e saiu a correr em direcção à praia.
Mal chegou começou logo a cantar em voz alta.
Peixinho, Peixinho
Na roda do mar
Na praia de Banbadinca
Ai peixinho namorar.
Sem resposta, a menina continuava a cantar e o peixinho não aparecia.
A mãe soube que ela tinha ido atrás do peixe e também foi lá ter. Quando chegou, viu a sua filha a cantar e a chorar pelo seu namorado já dentro da água.
- Minha filha onde vais? Diz à tua mãe. Onde queres ir? - gritava a mãe, toda aflita, enquanto a filha caminhava cada vez mais para dentro da água. A água já lhe chegava ao pescoço e respondia para a mãe:
– Não digo, não digo. Fica com o teu filho mais novo que é dele que gostas mais.
À medida que falava, a menina foi ficando coberta com a água até desaparecer completamente. A sua mãe ficou a olhar enquanto ela morria afogada. Assim que desapareceu, a sua mãe voltou para casa ter com o filho. O corpo da menina nunca foi encontrado.
Esta história, da Guiné, foi-nos contada pela Vilma Sanhá, de 12 anos e ilustrada pelo Mário Nababo, pelo Júlio César e pelo João Paulo.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Madrasta Má
Havia uma mulher que tinha uma filha e quando morreu o seu marido voltou a casar novamente. A sua madrasta era uma pessoa muito má e tinha ciúmes da relação da sua enteada com o seu pai.
Sempre que o seu pai viajava trazia muitas coisas para ela: brinquedos, roupas e doces. Mas como ficavam sozinhas, a madrasta, para se vingar, aproveitava para mandar a menina a fazer todas as tarefas de casa enquanto dizia ao seu filho para ir brincar.
Um dia, quando o seu pai viajou, a madrasta aproveitou para enterrar a menina debaixo de muitas folhas. Quando este regressou e deu por falta da filha perguntou por ela à mulher e esta respondeu que não sabia onde se tinha metido.O seu irmão, que costumava ir brincar em cima das folhas, ouvia uma voz a pedir para que a tirassem de lá, mas como era muito novo ninguém acreditava no que ele dizia.
Então um dia o pai resolveu ir ver se era verdade o que o filho dizia. Assim que chegou junto às folhas uma voz começou a cantar e a pedir que a libertassem. O pai reconheceu a voz da sua filha e foi buscar uma enxada para a desenterrar.
Quando a desenterrou, a menina contou-lhe tudo o que a madrasta lhe tinha feito. Zangado por a mulher maltratar a filha, este amarrou cada pé da sua mulher a um burro. Sempre que a mulher gritava, os burros fugiam de um lado para outro e ela ficou dividida ao meio.
A menina e o seu irmão passaram a viver com o pai, felizes para sempre.
História contada por Ana Francisca Lopes
Sempre que o seu pai viajava trazia muitas coisas para ela: brinquedos, roupas e doces. Mas como ficavam sozinhas, a madrasta, para se vingar, aproveitava para mandar a menina a fazer todas as tarefas de casa enquanto dizia ao seu filho para ir brincar.
Um dia, quando o seu pai viajou, a madrasta aproveitou para enterrar a menina debaixo de muitas folhas. Quando este regressou e deu por falta da filha perguntou por ela à mulher e esta respondeu que não sabia onde se tinha metido.O seu irmão, que costumava ir brincar em cima das folhas, ouvia uma voz a pedir para que a tirassem de lá, mas como era muito novo ninguém acreditava no que ele dizia.
Então um dia o pai resolveu ir ver se era verdade o que o filho dizia. Assim que chegou junto às folhas uma voz começou a cantar e a pedir que a libertassem. O pai reconheceu a voz da sua filha e foi buscar uma enxada para a desenterrar.
Quando a desenterrou, a menina contou-lhe tudo o que a madrasta lhe tinha feito. Zangado por a mulher maltratar a filha, este amarrou cada pé da sua mulher a um burro. Sempre que a mulher gritava, os burros fugiam de um lado para outro e ela ficou dividida ao meio.
A menina e o seu irmão passaram a viver com o pai, felizes para sempre.
História contada por Ana Francisca Lopes
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
História nº9: Branca Flor
Ilustração: Eduino Silva
Era uma vez um casal muito rico que, quando estava quase a morrer, legou toda a riqueza ao filho. Este gastou o dinheiro todo e quando não tinha nada pensou suicidar-se numa lagoa.
Desesperado, quando chegou à lagoa viu um feiticeiro que lhe ofereceu uma moeda. Este disse-lhe que quando enriquecesse voltasse ali e lhe devolvesse a moeda. O jovem concordou e quando enriqueceu foi ter com o feiticeiro que se chamava Mustafá. Encontrou-se com a mulher que ia permitir o seu encontro com o Mustafá através da preparação de rituais. Quando conseguiu passar para o outro lado da vida viu três feiticeiras a tomarem banho numa lagoa.
Ilustração: Inácio Júnior
A mais nova das feiticeiras disse a uma das irmãs que estava a sentir cheiro de humano. Esta feiticeira, que se chamava Branca-Flor, já sabia que o rapaz estava ali mas como gostava dele, respondeu que não sentia nada.
O rapaz foi ter com as feiticeiras, que estavam transformadas em serpentes, e, depois de lhes explicar o que pretendia, elas levaram-no para ir ter com o pai delas.
O Mustafá queria matar o rapaz para comer e começou a arquitectar um plano. Primeiro mandou-o à floresta buscar um búfalo. O rapaz assim fez e, com a ajuda da Branca-Flor, conseguiu trazer um búfalo. Depois, mandou o rapaz plantar arroz e cozinhar no mesmo dia. Ele também conseguiu fazer isso com a ajuda da menina feiticeira.
A rapariga, que sabia qual era a intenção do seu pai, queria ajudar o seu amado. Disse-lhe para ir ao estábulo e que escolhesse o cavalo mais veloz para conseguir fugir logo de manhã cedo. A rapariga cuspiu sete vezes para o chão para que quando a sua mãe a chamasse pela manhã pensasse que era mesmo ela que respondia. De manhã cedo, quando a mãe a chamou, foram os cuspes a emitir a voz da Branca-Flor. A mãe desconfiou no entanto, e foi ver onde estava o rapaz.
Como não encontrou nenhum deles, disse ao marido que a sua filha tinha fugido com o rapaz, ordenando-lhe que fosse atrás deles.
Ilustração: Amari Dias
Mustafá assim fez. Pelo caminho passou por uma escola onde as crianças estavam no recreio. Havia ali muitos professores e como o seu poder era fraco em relação à filha não conseguiu perceber que afinal esta se tinha transformado numa professora e o rapaz num professor.
Voltou para trás e disse à mulher que não os tinha encontrado. Esta ficou furiosa porque sabia que eles que se estavam a fazer passar por professores. Mandou-o de novo para ver se conseguia encontrá-los mas este não teve sorte porque desta vez encontrou uma capela com uma freira e um padre. Sem desconfiar que poderiam seriam eles, o feiticeiro voltou para casa e descreveu à mulher o que tinha encontrado. Finalmente, a mulher decidiu ser ela a ir atrás deles. Depois de muito procurar, encontrou-os mas estes saltaram para o outro lado do rio para não serem apanhados. De um lado a mãe gritava:
Ilustração: Isinildo Monteiro
- Branca-Flor devolve-me a chave do armazém e fica a saber que te vais separar do rapaz com quem nos traíste durante seis meses.
A menina do outro lado respondia:
- Mãe, tu também te vais separar do meu pai durante seis meses.
Quando Branca atirou a chave acertou num olho da mãe. Quando regressou para casa Mustafá separou-se dela porque tinha um olho furado. No entanto também a Branca-Flor acabou por separar-se do seu amado.
Era uma vez um casal muito rico que, quando estava quase a morrer, legou toda a riqueza ao filho. Este gastou o dinheiro todo e quando não tinha nada pensou suicidar-se numa lagoa.
Desesperado, quando chegou à lagoa viu um feiticeiro que lhe ofereceu uma moeda. Este disse-lhe que quando enriquecesse voltasse ali e lhe devolvesse a moeda. O jovem concordou e quando enriqueceu foi ter com o feiticeiro que se chamava Mustafá. Encontrou-se com a mulher que ia permitir o seu encontro com o Mustafá através da preparação de rituais. Quando conseguiu passar para o outro lado da vida viu três feiticeiras a tomarem banho numa lagoa.
Ilustração: Inácio Júnior
A mais nova das feiticeiras disse a uma das irmãs que estava a sentir cheiro de humano. Esta feiticeira, que se chamava Branca-Flor, já sabia que o rapaz estava ali mas como gostava dele, respondeu que não sentia nada.
O rapaz foi ter com as feiticeiras, que estavam transformadas em serpentes, e, depois de lhes explicar o que pretendia, elas levaram-no para ir ter com o pai delas.
O Mustafá queria matar o rapaz para comer e começou a arquitectar um plano. Primeiro mandou-o à floresta buscar um búfalo. O rapaz assim fez e, com a ajuda da Branca-Flor, conseguiu trazer um búfalo. Depois, mandou o rapaz plantar arroz e cozinhar no mesmo dia. Ele também conseguiu fazer isso com a ajuda da menina feiticeira.
A rapariga, que sabia qual era a intenção do seu pai, queria ajudar o seu amado. Disse-lhe para ir ao estábulo e que escolhesse o cavalo mais veloz para conseguir fugir logo de manhã cedo. A rapariga cuspiu sete vezes para o chão para que quando a sua mãe a chamasse pela manhã pensasse que era mesmo ela que respondia. De manhã cedo, quando a mãe a chamou, foram os cuspes a emitir a voz da Branca-Flor. A mãe desconfiou no entanto, e foi ver onde estava o rapaz.
Como não encontrou nenhum deles, disse ao marido que a sua filha tinha fugido com o rapaz, ordenando-lhe que fosse atrás deles.
Ilustração: Amari Dias
Mustafá assim fez. Pelo caminho passou por uma escola onde as crianças estavam no recreio. Havia ali muitos professores e como o seu poder era fraco em relação à filha não conseguiu perceber que afinal esta se tinha transformado numa professora e o rapaz num professor.
Voltou para trás e disse à mulher que não os tinha encontrado. Esta ficou furiosa porque sabia que eles que se estavam a fazer passar por professores. Mandou-o de novo para ver se conseguia encontrá-los mas este não teve sorte porque desta vez encontrou uma capela com uma freira e um padre. Sem desconfiar que poderiam seriam eles, o feiticeiro voltou para casa e descreveu à mulher o que tinha encontrado. Finalmente, a mulher decidiu ser ela a ir atrás deles. Depois de muito procurar, encontrou-os mas estes saltaram para o outro lado do rio para não serem apanhados. De um lado a mãe gritava:
Ilustração: Isinildo Monteiro
- Branca-Flor devolve-me a chave do armazém e fica a saber que te vais separar do rapaz com quem nos traíste durante seis meses.
A menina do outro lado respondia:
- Mãe, tu também te vais separar do meu pai durante seis meses.
Quando Branca atirou a chave acertou num olho da mãe. Quando regressou para casa Mustafá separou-se dela porque tinha um olho furado. No entanto também a Branca-Flor acabou por separar-se do seu amado.
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
História nº 8: A Esperteza da Lebre
Havia uma lebre que achava que era mais esperta que todos os animais do mundo. Como desconfiava, porém, que a tchoca (galinha do mato) era mais esperta que ela e queria ter a certeza, resolveu convidá-la para irem a uma festa na casa da sua avó.
Para testar a sua esperteza, disse à tchoca haver, pelo caminho, coisas que ela não podia tocar nem comer. A tchoca concordou com isso.
Ilustração: Fábio Silva
Enquanto caminhavam viram uma lagoa. Como estava com sede, a lebre disse à tchoca:
-Olha, tenho de mergulhar na lagoa para ver se encontro o anel da minha mãe que caiu lá para o fundo quando eu e ela passámos aqui.
-Está bem - disse a tchoca.
Quando se atirou para a água, a lebre aproveitou para beber bastante até se fartar. Lá em cima, a tchoca também aproveitou para beber pois sabia que era impossível a lebre mergulhar sem engolir um pouco de água.
Ilustração: Pedro Dias
De repente a lebre saiu da água e disse para a tchoca:
– Então, eu não te disse que nessa lagoa não se pode beber água?
– Sim, disseste - confirmou a tchoca.
– Mas então porque é que tens o bico cheio de água? - retorquiu a lebre.
– E tu? Também tens a boca molhada – disse-lhe a tchoca.
Ilustração: Luisa Pandim
A lebre percebeu que era difícil enganar a sua companheira e lá continuaram a viagem. Assim que chegaram a uma floresta, a lebre pensou que ia conseguir enganar a tchoca. Mas, como havia muitos mosquitos na floresta, e estava a ser mordida ela disse à galinha:
- Bem, assim que chegar a casa vou pedir óleo de palma à minha mãe para espalhar pelo corpo.
Enquanto ia falando, a lebre ia batendo no corpo para explicar onde colocaria o óleo e assim ia matando os mosquitos. Então a tchoca respondeu:
- Vais me oferecer um pouco para eu pôr aqui, aqui e aqui.
Deste modo a tchoca aproveitava também para matar os mosquitos.
Ilustração: Ivandro Moniz
A lebre percebeu que afinal não era a mais inteligente de entre todos os animais e contou à tchoca qual era o seu plano, concluindo assim que não era a mais esperta.
Para testar a sua esperteza, disse à tchoca haver, pelo caminho, coisas que ela não podia tocar nem comer. A tchoca concordou com isso.
Ilustração: Fábio Silva
Enquanto caminhavam viram uma lagoa. Como estava com sede, a lebre disse à tchoca:
-Olha, tenho de mergulhar na lagoa para ver se encontro o anel da minha mãe que caiu lá para o fundo quando eu e ela passámos aqui.
-Está bem - disse a tchoca.
Quando se atirou para a água, a lebre aproveitou para beber bastante até se fartar. Lá em cima, a tchoca também aproveitou para beber pois sabia que era impossível a lebre mergulhar sem engolir um pouco de água.
Ilustração: Pedro Dias
De repente a lebre saiu da água e disse para a tchoca:
– Então, eu não te disse que nessa lagoa não se pode beber água?
– Sim, disseste - confirmou a tchoca.
– Mas então porque é que tens o bico cheio de água? - retorquiu a lebre.
– E tu? Também tens a boca molhada – disse-lhe a tchoca.
Ilustração: Luisa Pandim
A lebre percebeu que era difícil enganar a sua companheira e lá continuaram a viagem. Assim que chegaram a uma floresta, a lebre pensou que ia conseguir enganar a tchoca. Mas, como havia muitos mosquitos na floresta, e estava a ser mordida ela disse à galinha:
- Bem, assim que chegar a casa vou pedir óleo de palma à minha mãe para espalhar pelo corpo.
Enquanto ia falando, a lebre ia batendo no corpo para explicar onde colocaria o óleo e assim ia matando os mosquitos. Então a tchoca respondeu:
- Vais me oferecer um pouco para eu pôr aqui, aqui e aqui.
Deste modo a tchoca aproveitava também para matar os mosquitos.
Ilustração: Ivandro Moniz
A lebre percebeu que afinal não era a mais inteligente de entre todos os animais e contou à tchoca qual era o seu plano, concluindo assim que não era a mais esperta.
História nº 7: A Princesa e o Criado
Havia um rei que tinha uma filha que nunca conheceu nenhum homem. Os reis tinham um criado em casa e não pensaram que a princesa pudesse vê-lo. Até que um dia ela apareceu grávida. Intrigado com o aspecto da filha o rei perguntou à rainha porque é que a princesa tinha a parte da frente “grande” (apurado) e a parte de trás “plano” (rasteiro). Decidiram então ir ao mestre que disse que daí a nove meses, com a ajuda de umas plantas, ela curar-se-ia.
Passados nove meses a princesa teve um filho. Os reis perguntaram à princesa quem era o pai ao que ela respondeu que era o criado.
Ilustração: Vilma Sanhá
Os reis quiseram levar o homem para a forca mas este disse-lhes que o sucedido tinha acontecido no próprio quintal deles. Então os reis também quiseram levar a princesa para a forca. A princesa disse-lhes que eles é que deviam ir para a forca pois tinham dado alojamento ao homem, impedindo-a de vê-lo. Se não queriam que ela tivesse algo com ele não deviam tê-la em casa como uma prisioneira. Disse ainda que o criado, apesar de ser pobre, não podia ser morto pois era o pai do seu filho e seria o herdeiro da riqueza dos reis.
Quando o conheceu, ela não sabia se o homem era rico ou um simples criado. Por isso é que teve contacto com ele, sem pensar no sucessor do trono. A princesa não pôde escolher pois o único homem que conheceu foi o criado. Quanto aos reis não puderam fazer nada em relação a isso e deixaram a princesa viver em paz com o filho e o criado.
Ilustração: Ana Francisca Lopes
Narração em crioulo de cabo Verde pela D. Maria Semedo
Tradução e adaptação por Rosângela Teixeira
Passados nove meses a princesa teve um filho. Os reis perguntaram à princesa quem era o pai ao que ela respondeu que era o criado.
Ilustração: Vilma Sanhá
Os reis quiseram levar o homem para a forca mas este disse-lhes que o sucedido tinha acontecido no próprio quintal deles. Então os reis também quiseram levar a princesa para a forca. A princesa disse-lhes que eles é que deviam ir para a forca pois tinham dado alojamento ao homem, impedindo-a de vê-lo. Se não queriam que ela tivesse algo com ele não deviam tê-la em casa como uma prisioneira. Disse ainda que o criado, apesar de ser pobre, não podia ser morto pois era o pai do seu filho e seria o herdeiro da riqueza dos reis.
Quando o conheceu, ela não sabia se o homem era rico ou um simples criado. Por isso é que teve contacto com ele, sem pensar no sucessor do trono. A princesa não pôde escolher pois o único homem que conheceu foi o criado. Quanto aos reis não puderam fazer nada em relação a isso e deixaram a princesa viver em paz com o filho e o criado.
Ilustração: Ana Francisca Lopes
Narração em crioulo de cabo Verde pela D. Maria Semedo
Tradução e adaptação por Rosângela Teixeira
História nº 6: Cavalinho
Era uma vez uma menina muito bonita, delicada e boa para todas as pessoas. Vivia com o seu pai porque a sua mãe tinha morrido. Sempre que ela ia à fonte buscar água encontrava-se com uma senhora chamada Andreza que a ajudava a tirar água da fonte.
Ilustração: Eunice Lourenço
Tinham uma relação muito boa e a menina gostava mesmo da Andreza. Tanto que sempre que regressava a casa pedia ao seu pai que se casasse com Andreza porque achava que esta também gostava muito dela. Se o seu pai pedisse Andreza em casamento elas nunca se separariam.
Um dia o pai cedeu ao pedido da filha e casou-se com a Andreza. Mesmo vivendo juntas mantinham uma boa relação. Até que um dia em que a menina ficou a guardar as folhas de uma figueira (usadas para curas na medicina tradicional) para que ficassem secas veio um pássaro e levou as folhas. Quando Andreza voltou a rapariga explicou-lhe o sucedido. Furiosa, esta ralhou com ela e foi enterrá-la viva.
Ilustração: Óscar Mendes
Sempre que o cavalo do seu pai ia pastar ia comendo a erva mesmo em cima dela. Como ainda estava viva a menina começava a cantar:
Cavalinho di nha mame, Cavalinho da minha mãe
Cavalinho de nha pape, Cavalinho do meu pai
Ca bu cumé nha cabelo. Não comas o meu cabelo
Andreza n´teram bibo Andreza enterrou-me viva
Pabia di um fidjo di figuera Por causa do ramo de uma figueira
Cavalinho já levou, levou. Cavalinho já levou, levou.
Ilustração: Fábio Vieira
As crianças que por lá passavam ouviam uma voz a cantar e iam correndo dizer ao dono do cavalo mas este não ligava ao que diziam. Um dia, um senhor que por lá passou ouviu a voz e disse ao pai da menina. Só então este acreditou na história e foi desenterrar a filha, levando-a depois para casa para casa. O pai fez uma grande festa por ter a filha de volta mas avisou-a a que nunca o desafiasse. Sempre que um pai diz não a uma filha é para esta obedecer porque ele sabe o que diz e o que quer.
Ilustração: Elsa Mendes
Esta história foi-nos contada pelo Junilto Netchemo. Chegado há menos de um ano da Guiné mantém uma memória viva das histórias contadas por um dos seus irmãos mais velhos.
Ilustração: Eunice Lourenço
Tinham uma relação muito boa e a menina gostava mesmo da Andreza. Tanto que sempre que regressava a casa pedia ao seu pai que se casasse com Andreza porque achava que esta também gostava muito dela. Se o seu pai pedisse Andreza em casamento elas nunca se separariam.
Um dia o pai cedeu ao pedido da filha e casou-se com a Andreza. Mesmo vivendo juntas mantinham uma boa relação. Até que um dia em que a menina ficou a guardar as folhas de uma figueira (usadas para curas na medicina tradicional) para que ficassem secas veio um pássaro e levou as folhas. Quando Andreza voltou a rapariga explicou-lhe o sucedido. Furiosa, esta ralhou com ela e foi enterrá-la viva.
Ilustração: Óscar Mendes
Sempre que o cavalo do seu pai ia pastar ia comendo a erva mesmo em cima dela. Como ainda estava viva a menina começava a cantar:
Cavalinho di nha mame, Cavalinho da minha mãe
Cavalinho de nha pape, Cavalinho do meu pai
Ca bu cumé nha cabelo. Não comas o meu cabelo
Andreza n´teram bibo Andreza enterrou-me viva
Pabia di um fidjo di figuera Por causa do ramo de uma figueira
Cavalinho já levou, levou. Cavalinho já levou, levou.
Ilustração: Fábio Vieira
As crianças que por lá passavam ouviam uma voz a cantar e iam correndo dizer ao dono do cavalo mas este não ligava ao que diziam. Um dia, um senhor que por lá passou ouviu a voz e disse ao pai da menina. Só então este acreditou na história e foi desenterrar a filha, levando-a depois para casa para casa. O pai fez uma grande festa por ter a filha de volta mas avisou-a a que nunca o desafiasse. Sempre que um pai diz não a uma filha é para esta obedecer porque ele sabe o que diz e o que quer.
Ilustração: Elsa Mendes
Esta história foi-nos contada pelo Junilto Netchemo. Chegado há menos de um ano da Guiné mantém uma memória viva das histórias contadas por um dos seus irmãos mais velhos.
História nº 5: O Lobo e a Lebre
Era uma vez um Lobo e uma Lebre que viviam juntos numa casa de palha. Gostavam sempre de competir para ver quem era o mais esperto quando se tratava de procurar comida. Certo dia, o Lobo, ao aperceber-se que a Lebre era mais inteligente, resolveu expulsá-la de casa. A Lebre saiu e fez um buraco enorme no chão para apanhar os animais quando estes lhe perguntavam se sabia qual o caminho para onde os outros tinham ido.
Ilustração: Eduarda Mendes
Um dia a gazela perdeu-se dos seus amigos e quando foi perguntar à Lebre se tinha visto por onde estes tinham ido, ela indicou-lhe o caminho onde tinha preparado a emboscada. A Gazela caiu para dentro do buraco e mais tarde foi comida pela Lebre.
Ilustração: Eliana Mendes
Então, o Lobo, ao ver que a amiga estava cada vez mais gorda, perguntou-lhe qual tinha sido a sua estratégia. A Lebre explicou-lhe tudo e o Lobo foi montar uma armadilha também.
Quando uma Gazela lhe perguntou para onde tinham as outras Gazelas, o Lobo, apressado e faminto, disse rapidamente:
-Vai para este caminho que eu já vou lá comer-te.
A Gazela ao ouvir aquilo virou as costas e foi-se embora.
Ilustração: Juliana Pires
A Serpente, que andava lá perto, ouviu tudo e fez a mesma pergunta que a Gazela fizera mas o Lobo nem sequer respondeu. Então, a Serpente resolveu ir esperar o Lobo lá no buraco. Quando este chegou, preparou-se para se atirar para o buraco mas, como viu a Serpente, já não quis saltar.
Ilustração: Catarina Varela
História contada por Junilto Netchemo
Ilustração: Eduarda Mendes
Um dia a gazela perdeu-se dos seus amigos e quando foi perguntar à Lebre se tinha visto por onde estes tinham ido, ela indicou-lhe o caminho onde tinha preparado a emboscada. A Gazela caiu para dentro do buraco e mais tarde foi comida pela Lebre.
Ilustração: Eliana Mendes
Então, o Lobo, ao ver que a amiga estava cada vez mais gorda, perguntou-lhe qual tinha sido a sua estratégia. A Lebre explicou-lhe tudo e o Lobo foi montar uma armadilha também.
Quando uma Gazela lhe perguntou para onde tinham as outras Gazelas, o Lobo, apressado e faminto, disse rapidamente:
-Vai para este caminho que eu já vou lá comer-te.
A Gazela ao ouvir aquilo virou as costas e foi-se embora.
Ilustração: Juliana Pires
A Serpente, que andava lá perto, ouviu tudo e fez a mesma pergunta que a Gazela fizera mas o Lobo nem sequer respondeu. Então, a Serpente resolveu ir esperar o Lobo lá no buraco. Quando este chegou, preparou-se para se atirar para o buraco mas, como viu a Serpente, já não quis saltar.
Ilustração: Catarina Varela
História contada por Junilto Netchemo
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