Havia uma menina que tinha um namorado que era um peixe. Sempre que saía da escola ia a correr para o mar ter com o seu namorado e levava-lhe farinha de arroz para ele comer.
Assim que chegava ao rio começava a cantar e o peixe aparecia.
Peixinho, Peixinho
Na roda do mar
Na praia de Banbadinca
Ai Peixinho a namorar.
A menina ficava na praia horas e horas a namorar com o seu peixinho e voltava tarde para casa. A sua mãe começou a reparar que ela chegava sempre muito tarde e disse ao seu irmão para ir atrás dela no dia seguinte quando saissem da escola.
Quando saiu das aulas, a menina foi cantando muito alegre em direcção à praia sem perceber que o seu irmão a seguia. Chegou a praia e cantou fortemente até o seu peixinho aparecer.
O irmão que estava escondido, observou tudo e foi contar à mãe o que é que afinal a sua irmã andava a fazer quando saía da escola.
– Então a minha filha namora com um peixe? - perguntou a mãe muito furiosa ao descobrir a verdade.
Nervosa, saiu de casa e foi à praia para ver o peixe. Os vizinhos seguiram-na e, assim que chegaram, a mãe começou a cantar.
O peixinho, ao ouvir a música, saiu imediatamente da água pensando que se tratava da sua namorada.
A mãe da menina ao ver que era verdade o que o filho lhe tinha dito, zangada, aproximou-se do peixe e matou-o.
Levou o peixe para casa e cozinhou-o. Antes, porém, disse ao filho:
-Filho, não digas nada a tua irmã senão ela nunca mais fala comigo.
O filho concordou em não dizer nada à sua mana.
No dia seguinte, quando saiu da escola, a menina foi novamente ter com o seu peixe namorado. Chegou à praia e começou a cantar mas o peixe não apareceu.
A menina insistia em cantar mas o peixe também não saia da água. Ela nem imaginava o que tinha acontecido. Triste, a menina voltou para casa sem perceber o que se passara.
No dia seguinte, mal chegou da escola, o galo cantou:
-Có có ró có! Se me deres um pouco da tua comida digo-te o que é que aconteceu.
A menina pensou que o galo apenas queria a comida e foi-se embora. Mais tarde o cão ladrou e disse-lhe o mesmo:
-Conto-te o que a tua mãe fez se me deres um bocado da tua comida.
Então a menina ficou a pensar porque razão o galo e o cão lhe pediam comida em troca de revelar o que a sua mãe teria feito. Curiosa, decidiu dar um pouco da sua comida ao cão e este disse-lhe:
– Sabias que a tua mãe matou o teu namorado peixe e tu estás a comê-lo?
– Não é verdade - disse a menina com um olhar triste e saiu a correr em direcção à praia.
Mal chegou começou logo a cantar em voz alta.
Peixinho, Peixinho
Na roda do mar
Na praia de Banbadinca
Ai peixinho namorar.
Sem resposta, a menina continuava a cantar e o peixinho não aparecia.
A mãe soube que ela tinha ido atrás do peixe e também foi lá ter. Quando chegou, viu a sua filha a cantar e a chorar pelo seu namorado já dentro da água.
- Minha filha onde vais? Diz à tua mãe. Onde queres ir? - gritava a mãe, toda aflita, enquanto a filha caminhava cada vez mais para dentro da água. A água já lhe chegava ao pescoço e respondia para a mãe:
– Não digo, não digo. Fica com o teu filho mais novo que é dele que gostas mais.
À medida que falava, a menina foi ficando coberta com a água até desaparecer completamente. A sua mãe ficou a olhar enquanto ela morria afogada. Assim que desapareceu, a sua mãe voltou para casa ter com o filho. O corpo da menina nunca foi encontrado.
Esta história, da Guiné, foi-nos contada pela Vilma Sanhá, de 12 anos e ilustrada pelo Mário Nababo, pelo Júlio César e pelo João Paulo.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Madrasta Má
Havia uma mulher que tinha uma filha e quando morreu o seu marido voltou a casar novamente. A sua madrasta era uma pessoa muito má e tinha ciúmes da relação da sua enteada com o seu pai.
Sempre que o seu pai viajava trazia muitas coisas para ela: brinquedos, roupas e doces. Mas como ficavam sozinhas, a madrasta, para se vingar, aproveitava para mandar a menina a fazer todas as tarefas de casa enquanto dizia ao seu filho para ir brincar.
Um dia, quando o seu pai viajou, a madrasta aproveitou para enterrar a menina debaixo de muitas folhas. Quando este regressou e deu por falta da filha perguntou por ela à mulher e esta respondeu que não sabia onde se tinha metido.O seu irmão, que costumava ir brincar em cima das folhas, ouvia uma voz a pedir para que a tirassem de lá, mas como era muito novo ninguém acreditava no que ele dizia.
Então um dia o pai resolveu ir ver se era verdade o que o filho dizia. Assim que chegou junto às folhas uma voz começou a cantar e a pedir que a libertassem. O pai reconheceu a voz da sua filha e foi buscar uma enxada para a desenterrar.
Quando a desenterrou, a menina contou-lhe tudo o que a madrasta lhe tinha feito. Zangado por a mulher maltratar a filha, este amarrou cada pé da sua mulher a um burro. Sempre que a mulher gritava, os burros fugiam de um lado para outro e ela ficou dividida ao meio.
A menina e o seu irmão passaram a viver com o pai, felizes para sempre.
História contada por Ana Francisca Lopes
Sempre que o seu pai viajava trazia muitas coisas para ela: brinquedos, roupas e doces. Mas como ficavam sozinhas, a madrasta, para se vingar, aproveitava para mandar a menina a fazer todas as tarefas de casa enquanto dizia ao seu filho para ir brincar.
Um dia, quando o seu pai viajou, a madrasta aproveitou para enterrar a menina debaixo de muitas folhas. Quando este regressou e deu por falta da filha perguntou por ela à mulher e esta respondeu que não sabia onde se tinha metido.O seu irmão, que costumava ir brincar em cima das folhas, ouvia uma voz a pedir para que a tirassem de lá, mas como era muito novo ninguém acreditava no que ele dizia.
Então um dia o pai resolveu ir ver se era verdade o que o filho dizia. Assim que chegou junto às folhas uma voz começou a cantar e a pedir que a libertassem. O pai reconheceu a voz da sua filha e foi buscar uma enxada para a desenterrar.
Quando a desenterrou, a menina contou-lhe tudo o que a madrasta lhe tinha feito. Zangado por a mulher maltratar a filha, este amarrou cada pé da sua mulher a um burro. Sempre que a mulher gritava, os burros fugiam de um lado para outro e ela ficou dividida ao meio.
A menina e o seu irmão passaram a viver com o pai, felizes para sempre.
História contada por Ana Francisca Lopes
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